Depois de dois dias de um conclave que com certeza será fonte de inspiração para muitos diretores de cinema, dadas as dificuldades para se ter informações e dado o forte simbolismo que cercou o evento, Jorge Mário Bergoglio, um cardeal argentino, arcebispo de Buenos Aires, foi escolhido o novo Papa da Igreja Católica Apostólica Romana, gerando um misto de surpresa e contentamento.
Para os mais entendidos no assunto, a escolha de Jorge Mário é um "golpe de mestre" da Santa Sé, já que o desgaste provocado pelo clero católico clamava por uma grande renovação e por uma inédita atenção à América Latina, bem como à África, que também vinha forte no conclave que hoje se encerrou. O Brasil, maior país católico do mundo, ficou de fora, pois, segundo as más (ou seriam boas?) línguas, na condição de favorito (quase que) absoluto, o cardeal Dom Odilo Scherer não deveria ter dito o que disse em Roma no último dia de preparação para o conclave. Segundo o jornal "La Reppublica", as chances do brasileiro papável foram ao chão após uma preleção onde nosso patrício defendeu a atual situação da Igreja, falando bem do Instituto para Obras da Religião (IOR) e, o que seria ainda mais "imperdoável", elogiando a gestão do Banco do Vaticano, tão manchada pelas denúncias de corrupção e lavagem de dinheiro.
Ainda assim, o Brasil ficou de fora, mas nem tanto. Ter um Papa argentino, um latino-americano pela primeira vez na história, já é uma grande coisa, já que o conservadorismo de grande parte da cúria romana apregoava uma volta aos tempos em que o Papa teria de ser um italiano. Diga-se de passagem, desde Carol Wojtyla que a regra se quebrou, pois aquele polonês foi sucedido por um alemão e este, para surpresa (?) geral, por um latino-americano, um argentino. Se escolhido o cardeal africano Wilfrid Napier, arcebispo de Durban, a jogada de Roma teria sido ainda mais perfeita, mas, para sermos bem francos, não há força em Roma para tanta "fraqueza" assim.
Antes que pareça uma revolução na cúria, é bom que lembremos que Jorge Mário é extremamente conservador, chegando ao ponto de ser veementemente contra todas as questões para as quais se espera uma abertura da parte dos católicos. Para a união civil de homossexuais e para o uso de preservativos, sem titubeio, Jorge Mário diz um sonoro "não". Mas isso não tira do novo Papa um ar gracioso e uma maneira de lidar com o público e com a mídia que parecem lembrar o, para os católicos, saudoso João Paulo II. Como foi dito neste espaço, no texto anterior, era por um novo carismático e midiático que se esperava, já que Bento XVI, o nosso agora novamente Joseph Ratzinger, era bom de Teologia, mas péssimo de mídia.
A prova de que Jorge Mário é bem mais "pop" se mostrou logo no primeiro momento de seu papado. Falando ao público que aos prantos o esperava na praça da Basílica de São Pedro, Jorge Mário Bergoglio disse: "meus amigos cardeais me acharam no fim do mundo", o que provocou risos e empatia do público e da mídia que acompanhava tudo. Pelo visto, então, parece que Roma acertou em cheio e deve ter conseguido eleger mais um "papa pop". Ops, perdoem o vacilo; Roma não escolheu, foi o Espírito Santo.
Se o Espirito escolheu Jorge Mário, Jorge Mário escolheu ser Francisco. Papa Francisco. O melhor de tudo é que, se todo esse evento for política pura, ao menos o nome nos servirá de inspiração para uma mudança real, já que, ao escolher o nome de alguém que deixou a riqueza para vestir sandálias de gente simples e andar no meio do povo, Jorge Mário se reveste de Francisco de Assis, aquele que renovou a Igreja num momento histórico muito parecido com o que os católicos hoje vivenciam.
Ser simples e ser "pop"; eis a dificílima missão de Francisco. Se a busca for por um novo João Paulo II, o começo já parece ser bem promissor, pois o novo Papa, para além de torcedor inveterado do San Lorenzo, time de futebol argentino, é xará de um grande músico brasileiro, o também Jorge Mário, "Seu Jorge". Com compromisso marcado para falar na Jornada Mundial da Juventude, evento católico que vai mexer com o Brasil já neste 2013, Jorge Mário Bergoglio tem tudo para fazer o que Carol Wojtyla conseguiu. Para tanto, é só vibrar quando o saudarem com as seguintes palavras: "Seja bem vindo, aqui nós adoramos ser filhos de Francisco. Salve Jorge!".
liberdade, beleza e Graça...
5 comentários:
Ótima a última frase. Já tinha notado o parecer "Papa Pop" do novo Papa exatamente pela frase sobre tendo o encontrado no fim do mundo. Sobre o nome, Vaticano informou que ele será apenas "Francisco". Caso haja um novo Papa Francisco após ele, este será "Francisco II" e o argentino será então referenciado como tendo sido "Francisco I".
Novo Papa,carismático,pop,simples,porém temos pela frente um novo século...muitas mudanças. Temos um mundo mais individualista, mais tecnológito, com muitas novidades científicas,outros costumes Etc.Será que agindo com conservadorismo este novo papa, simpático, vai atender aos anseios deste novo milênio !?
Para mim, Mara, nada muda. Substantivamente, nada vai mudar. É só um novo fôlego para o catolicismo, que, como é sabido, está ruindo há tempos. Mas o fato de ele ser midiático e simpático fará com que a rede globo fique buscando nele o que não encontrava no ratzinger e enchendo o saco de todo mundo, embora saibamos que este tem tudo para ser um novo joão paulo II; carismático, pop, mas sem qualquer vontade de mudar o status quo. Mas eu gostaria de estar enganado. Quero muito me enganar. Um abraço.
Só como obervação. Para mim também a troca de papas, as características dos mesmos...etc, nada disso muda interfere diretamente em minha vida.Fiz um comentário me baseando na vida de quem professa a religião católica.Fora a interferência na política,nas ciências...See you!
Grande amigo Cleinton eu gostaria de ler suas sabias palavras sobre o nosso amigo (brincadeira) marcus feliciano na presidencia da tao falada comissao.
Postar um comentário