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Graduado em Artes Cênicas, Teologia e Ciências Sociais. Mestre em Sociologia e Direito pela UFF, Doutor em Sociologia pela UERJ e Pós-doutor em Sociologia Política pela UENF. Pesquisador de Relações Raciais, Sociologia da Religião e Teoria Sociológica. Professor do Instituto Federal de São Paulo.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

"Da percepção da desigualdade"

A partir de um convênio entre o IUPERJ e a FAPERJ, uma relevante pesquisa de opinião popular acerca da temática da desigualdade social no Brasil foi apresentada àqueles que se mostram interessados neste que é um dos maiores problemas da nação.
Na pesquisa, percebeu-se que a mobilidade social brasileira sempre foi marcada por movimentos de curta distância, sendo a percepção desse fenômeno bastante clara para a população tupiniquim.
Tanto assim é, que a maioria dos entrevistados entende que a sorte é a principal razão pela qual as pessoas são recompensadas e ascendem socialmente. Quase 50% dos que foram ouvidos pensam assim, sendo a amostra da pesquisa bastante relevante e contempladora de todos os estados brasileiros. Apenas 25% dos entrevistados consideram que a inteligência e a qualificação contam mais, e só 20% acham que os esforços pessoais têm responsabilidade maior na ascensão social dos brasileiros.
Muito curioso é que a mesma pesquisa aponta que conhecer alguém bem posicionado é mais importante até mesmo do que nascer em uma família rica! Pode-se, com isso, apontar que a sociedade brasileira não é percebida como meritocrática, mas como um espaço onde o compadrio, o "jeitinho" e a indicação de um "peixe grande" valem muito mais para se crescer.
Apenas 4% dos ouvidos apontaram que a solução para a sociedade brasileira se tornar mais igualitária depende de um esforço que pode começar em si mesmo, isto é, na própria figura do entrevistado. A contrapartida é que 67% acreditam que a ação coletiva teria um papel importante para diminuir a desigualdade, mas, num paradoxo quase inexplicável, esses mesmos entrevistados não se entendem como atores sociais relevantes para uma real mudança na estrutura de nossa sociedade. É mais ou menos a apresentação do imbróglio "a união faz a força, mas mesmo que eu me una, não contará muita coisa".
Assim, o que fica muito claro, ao se estudar a percepção que os brasileiros têm da desigualdade social, é que vigora o que o sociólogo Albert Hirschman chama de "efeito túnel"; um indivíduo preso em um túnel congestionado de carros, percebendo que a fila ao lado começa a andar, se tranqüiliza e se enche de esperança, pois, "se os outros estão progredindo, é sinal de que lá na frente a coisa está melhorando e logo as outras filas também andarão". Para se fiar no "efeito túnel", basta que o cidadão brasileiro conheça um "sortudo que subiu rapidamente", seja com corrupção, seja com nepotismo, seja com jogos de azar.
Num país de 180 milhões de habitantes, basta que apenas um deles tire o premiado bilhete da mega-sena; isso já será razão para que o esforço pessoal, a qualificação profissional e a inteligência do cidadão de bem percam espaço para a "grande sorte" do motorista da fila ao lado. No "efeito túnel", a hora de todo mundo vai chegar, sem muito esforço! Triste país esse nosso.

liberdade, beleza e Graça...

Um comentário:

PONTO DE ENCONTRO disse...

Esse é meu amigo, meu irmão e meu intelectual predileto.Ele aprendeu tudo comigo.

Cleinton quando me conheceu não sabia de nada, hoje éum intelectual no nível de Darcy Ribeiro, Freud, Nietchie e outros gênios que aprenderam comigo.

Ailton