segunda-feira, 2 de agosto de 2010

"Instalações poéticas"

"As estações e os cafezais"

E era como um lapso de memória
Que em trazendo potência, alma, história
Irradiava um breu de luz
E dos tomados velhos vícios, desesperanças, desperdícios
Caos, silêncios de interstícios, já obrigava à cura o pus

E em pressa, luta, correria
Ao transmutar descrença pia, desrespeitando a agonia
Nada mais quis do que inventar
Só fez da Mata, alma bela
Correr por mares, vilas, vielas
Sendo usurpadas já em Vilelas
Por transformar o mar em A-mar

E num pulsar mais que ingente
Ao desnudar o incorrente
Para animar alma nascente em plantações primaveris
Mudou em vida a morte crua
Inspirou gritos, choro em rua
E apaixonando uma alma nua
Pra eternidade pôs raiz


liberdade, beleza e Graça...

3 comentários:

  1. Transmutação

    Lânguido canto, desterro de um só
    Em alma forjada ao pó e ao sol.
    Entremeios austeros ao lírico som da busca
    Quando a aflição, nua e crua,
    Requer o silêncio da paz.
    As mãos estendidas, pedintes
    De sonhos e anseios distantes,
    Perdidas nas noites insones,
    Exiladas , catatônicas, mutiladas em dó.
    Alma parida em alijado discurso,
    Revés do brilho matutino
    Ao despertar da única aurora possível,
    Do orvalho translúcido e cálido.
    Dilacera a fera a carne da alma,
    Na imolação prematura do ser.
    Rios vermelhos em delineios , rabiscos,
    Retratos, molduras tingidas de dor.
    O corpo tomba abrupto e solene
    Ante a formosura do monstro.
    Comam-lhe as vísceras, os vermes!
    Bebam-lhe o líquido viscoso e fétido
    Para que o regurgito lhe seja redenção.
    Inerte, sem fôlego vital ou qualquer
    Resquício de lembrança-soluço,
    São negros instantes os próximos tremores.
    A percepção inexata da névoa densa e gélida
    Dá-lhe a convicção atroz do flagelo, por fim, vivido.

    Rompe o grito de liberdade em clausura,
    Em hino contrito metrificado em si.
    Áureos são os delicados sentidos
    Na promulgação do acerto cabal.
    Gerânios e jasmins em íntimas janelas
    Exalam por poros carnais até seus ínfimos odores.
    Áureos tons e matizes outros
    Colorem as paredes dos quatro cantos de outrora,
    Nas quais a alma exerceu seu suplício.
    Trôpega e revivida das cinzas,
    Límpida de pés e de mãos,
    Com túmidos e possantes pulmões
    Inspira a alma tenra vida,
    Expirando em riso
    O que escolheu pra si,
    O que lutou por ser,
    Não conseguindo em vida.
    Na lápide fria, o epitáfio escrito:

    “Cala-te, ó voz!,
    Que desses recantos de outrora
    Procura em mim hoje
    Razão pra si mesma,
    Pois o que em tão distante se fez
    Consolidou-se na aurora
    E, na plenitude do tempo,
    Jamais foi poesia pra mim.
    Cala-te! Apieda-te
    Do meu ser forasteiro,
    Pois da cálida flor
    Colhida na estrada,
    Fez razão da sua vida.
    Fez alento e jardim.
    Cala-te, então.
    Fica em silêncio de morte,
    Pois na languidez do teu canto
    Repousa minha paz.”

    Sandra Silva

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  2. grande amigo pastor como ja te disse pessoamente, vc manda muito bem nesse seu blog,um abraço de um amigo

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