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Graduado em Artes Cênicas, Teologia e Ciências Sociais. Mestre em Sociologia e Direito pela UFF, Doutor em Sociologia pela UERJ e Pós-doutor em Sociologia Política pela UENF. Pesquisador de Relações Raciais, Sociologia da Religião e Teoria Sociológica. Professor do Instituto Federal de São Paulo.

segunda-feira, 30 de junho de 2008

"Os novos movimentos religiosos e a volta triunfal do maniqueísmo"

A doutrina dualista do profeta persa Manes ou Mani (séc. III AD) influenciou religiosos do Ocidente e do Oriente durante muitos anos. Até o santo Agostinho de Hipona deixou-se contagiar pela crença de que o mundo divide-se em duas instâncias, ministradas por duas entidades que duelam entre si, e em pé de igualdade; a luta entre o bem e o mal, liderada por Deus e o diabo, um de cada lado. Embora o dualismo tenha caído no esquecimento durante séculos, eis que os novos movimentos religiosos o conseguiram fazer ressuscitar, e com grande força. Mesmo sem conseguir conceituar suas práticas, ligando-as ao profeta persa dualista, os pentecostais de terceira onda (neopentecostais), adeptos da doutrina G12 - também chamada de "visão dos 12" - assumiram o dualismo maniqueísta com todo vigor e vontade.
A "vantagem" de tal postura se dá pelo fato de que o modelo de governo neopentecostal não admite a democracia; o povo não tem autonomia para votar e escolher o que fazer ou seguir, tendo o líder, extremamente carismático - no sentido weberiano -, todo o poder para decidir pelas ovelhas (nunca o termo ovelha foi tão adequado!). Se o mundo está dividido em duas esferas e uma é a do bem e a outra do mal, não há como encontrar uma postura outra; uma opção outra; "não há neutralidade", como eles mesmo gostam de afirmar.
Os pastores que proclamam tal visão, não podem jamais ser retirados de seus postos de poder, uma vez que qualquer pessoa que ousar dizer que eles estão errados, estará defendendo a causa do lado oposto, isto é, a causa do mal, do diabo. Como nenhum crente gostaria de ser reconhecido como sendo "do outro lado"...
Dia após dia vê-se pessoas massacradas por líderes carismáticos que, não querendo perder o muito dinheiro e poder que têm, expulsam todos aqueles que não aceitam as muitas manifestações de intolerância e maldade de suas práticas.
Com isso, a igreja cristã está padecendo. As ovelhas estão sem pastor, e o que se ouve nos púlpitos são mensagens prontas de auto-ajuda emocionalista, vazias de verdade bíblica.
Alguém perguntaria; "como saber se o meu pastor e igreja estão embarcando em tal doutrina herética?". A resposta não é tão difícil; basta que aquele que está preocupado com o futuro de sua comunidade de fé atente para os modelos de crescimento (eu diria "inchamento") de igreja que seu pastor resolveu adotar por conta de não ver a igreja crescer "só pregando a Bíblia". Geralmente esses modelos vêm dos Estados Unidos, depois de já terem feito um bom estrago em comunidades cristãs por lá. Os métodos estadunidenses de "crescimento de igrejas" são, em quase todos os casos, o início do fim.
Portanto, quando as leituras e as indicações de leitura do teu pastor fizerem surgir autores como Watchman Nee, Neusa Itioka, Rebbeca Brown, Benny Hinn e outros de mesma linha, fique esperto, o buraco está mais próximo do que você imagina. É entrar na "visão" e ficar ceguinho da silva!

liberdade, beleza e Graça...