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Graduado em Artes Cênicas, Teologia e Ciências Sociais. Mestre em Sociologia e Direito pela UFF, Doutor em Sociologia pela UERJ e Pós-doutor em Sociologia Política pela UENF. Pesquisador de Relações Raciais, Sociologia da Religião e Teoria Sociológica. Professor do Instituto Federal de São Paulo.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

"O ateísmo, sem a religião, não sobrevive"

O filósofo suíço Alain de Botton está no Brasil para lançar a sua curiosa e mais recente obra Religião para ateus. Abordando temas como amizade, inveja, desejo e arte, Botton traz como sua contribuição mais interessante a atitude de sempre buscar demonstrar como os ensinamentos de filósofos como Platão, Montaigne, Nietzsche, Schopenhauer, Sêneca e Sócrates podem nos ajudar a enfrentar as aflições do dia-a-dia no mundo moderno.
Com tal postura, o autor entende que será possível construir um arcabouço literário que tenha o poder de substituir os textos aceitos como sagrados, destronando a religião e sugerindo autores que teriam o poder de fazer o mesmo que faz a religião, só que num ambiente laico.
Posicionando-se como ateu, o filósofo divide as pessoas em dois grupos: "aqueles que acreditam num conjunto de doutrinas e entram para uma comunidade religiosa, e aqueles que, com a ajuda da CNN e do Wal Mart, tentam dar conta de uma vida própria espiritualmente vazia". (Repito: CNN, Wal Mart, vazia).
A postura de Botton em relação à religião foge à regra geral de muitos intelectuais ateus, uma vez que este filósofo entende que as contribuições das religiões não podem deixar de fazer parte da visão de mundo de todos os povos. Neste sentido, o autor defende que é possível ser ateu e mesmo assim admirar a música sacra, os rituais religiosos e as catedrais que ocupam as milhares de cidades em todo o mundo.
Sugerindo a obra de Shakespeare ao invés do Evangelho, Alain de Botton defende que é possível encontrar-se uma maneira laica de ensinar as pessoas a viver, uma vez que a religião consegue fazer isso muito bem, já que se utiliza de uma ferramenta extremamente eficaz para a fomentação de ideias, que é a repetição.
Assumindo que a religião é muito mais objetiva na educação das pessoas, Botton entende que seria preciso que a universidade fizesse o mesmo que as comunidades religiosas, assumindo o papel de educar para a vida, já que "a doença moderna da solidão clama por uma saída laica inspirada nas instituições religiosas".
Botton não é inédito ao dizer que "o problema não é a ausência de liberdade, mas o excesso dela", mas contribui de forma inovadora ao contrariar a tese weberiana que defende a religião como fonte privilegiada de sentido para a vida, pois Alain de Botton entende que, inspiradas nas organizações religiosas, muitas instituições laicas, chamadas "Escolas da vida", poderão ensinar as pessoas a viver, devolvendo o tal sentido que a chamada racionalização da vida colocou em crise, segundo a tese de Max Weber.
Inspirado nas muitas doutrinas de religiosos, Botton propõe que o ser humano moderno precisa abrir mão de parte do excesso de liberdade que tem, buscando assim "algo que possa ser bom para o seu viver". Para muitos que achavam que a religião morreria com a intelectualização do mundo, está aí mais um genial filósofo, de apenas 41 anos, a inspirar os ateus a afirmarem categoricamente: "Sou ateu, sim, graças a Deus!".

liberdade, beleza e Graça...