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Graduado em Artes Cênicas, Teologia e Ciências Sociais. Mestre em Sociologia e Direito pela UFF, Doutor em Sociologia pela UERJ e Pós-doutor em Sociologia Política pela UENF. Pesquisador de Relações Raciais, Sociologia da Religião e Teoria Sociológica. Professor do Instituto Federal de São Paulo.

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

"Professores da Estácio já sabem se a reforma trabalhista é boa"

Se antes os empresários do setor da educação demitiam professores no final do ano, no intuito de não pagar salários e direitos durante as férias, ainda que recebendo mensalidades dos estudantes, agora a situação ganha aval legal, já que a reforma trabalhista aprovada no país institucionaliza um processo de precarização do trabalho, sobretudo em se tratando do setor onde se aloca a educação superior.

Como já foi noticiado em vários meios de comunicação, a Universidade Estácio de Sá, segundo maior grupo educacional do país, demitiu 1200 professores logo após a aprovação da reforma nas leis trabalhistas, já que agora será possível contratar profissionais com um salário muito menor, ignorando qualquer atividade fora de sala de aula, bem como fechando os olhos para o tempo gasto com o preparo de aulas e de correções de provas, algo pelo que os professores recebiam, já que tais atividades contavam como "descanso remunerado", sendo ações feitas em um momento em que o professor na realidade não descansa, pois prepara o que vai ensinar, ou avalia o que cobrou de seus educandos.  

Na mesma direção da Estácio, muitas outras instituições de ensino superior aderiram ao ilegal e imoral movimento de demissão em massa, no intuito de recontratar professores com salários menores e pelo chamado contrato de trabalho intermitente, que é aquele pelo qual só se pagam as horas de atividade fim, isto é, somente as horas em sala de aula sendo pagas, ainda que o professor gaste tempo com preparo e correções. É claro que, se o professor fizer o correto, ou seja, se preparar aulas durante o momento da audiência com seus alunos, corrigindo ali também as provas, será considerado um profissional ruim, mas isso seria o mais acertado, já que ele só será pago pelo que fizer durante as aulas.

Com profissionais que aceitam se colocar em situações de precariedade do trabalho, sobretudo em tempos de crise, e também por conta do imenso exército de reserva de profissionais em busca de uma colocação, será difícil falar em contrato acordado entre patrões e empregados, já que o poder de barganha do empresário, agora legalmente institucionalizado numa legislação totalmente pró capitalistas, acaba por matar qualquer possibilidade de os trabalhadores, sobretudo os professores, conseguirem ter voz e vez.

O aceno de Temer à elite brasileira e ao capital internacional conseguiu se efetivar em mudanças que, já no curto prazo, fazem do Brasil um pais mais pobre e ainda mais desigual, ao mesmo tempo em que fomenta um clima generalizado de apatia na nação, já descrente de qualquer saída política, a não ser a radicalização inconsequente, tão bem representada por figuras como o deputado federal Jair Bolsonaro. Como já dito aqui em texto anterior, Michel Temer fará em dois anos o que nem em dois séculos conseguirão consertar. E eu, antes um sociólogo otimista, e que começava a enxergar diminuição no abismo social que divide a nação entre quem sempre teve e quem nunca vai poder ter, começo agora a admitir que o medo começa a vencer a esperança.

liberdade, beleza e Graça...