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Graduado em Artes Cênicas, Teologia e Ciências Sociais. Mestre em Sociologia e Direito pela UFF, Doutor em Sociologia pela UERJ e Pós-doutor em Sociologia Política pela UENF. Pesquisador de Relações Raciais, Sociologia da Religião e Teoria Sociológica. Professor do Instituto Federal de São Paulo.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

“O caso Uniban e a imbecilidade de uma nação”

Ela apareceu em importantes programas de televisão, é capa de várias publicações país afora, deu entrevistas para emissoras de rádio, é tema de muitos artigos em jornais e revistas e dizem até que existe já uma sondagem das revistas masculinas Playboy e Sexy, a fim de que ela possa posar nua já no próximo número (tem de ser jogo rápido, pois a “notícia” sempre esfria).
A estudante Geisy Arruda, 20, expulsa e readmitida – por pressão de várias partes – na Uniban, alcançou os tão sonhados “15 minutos de fama” (já passaram de 15, claro, mas o construto é esse).
As informações são desencontradas. Aliás, como sempre por terras tupiniquins. Todavia, é interessante pensar nesse fato pelo que de realmente bom ele pode oferecer. Sim, existe algo bom nisso tudo. O acontecimento mostra, antes de tudo, como somos imbecis.
É claro que não foi o uso de uma simples minissaia que fez com que a jovem fosse hostilizada pelos colegas e expulsa depois do tumulto. Afinal, é possível ver o uso do mesmo tipo de vestido em outras jovens da mesma universidade. Não foi o que dizem ter sido. Na verdade, num país em que a maioria acredita piamente nas informações de seus meios de comunicação e manipulação de massas, da verdade e do fato quase sempre resta pouca coisa. Às vezes, não resta.
Tentando fazer um cálculo “por baixo”, é possível somar uma boa quantidade de dinheiro arrolado na “jogada”; para cada programa de televisão, o cachê de uma “notícia bombástica do momento” não sai por menos de 5 mil reais. Somada às entrevistas a rádios, jornais e revistas, essa grana pode se tornar bem interessante. Se uma das duas, a Playboy ou a Sexy, efetivar o convite, parece que pode rolar a bagatela de 300 mil reais, sem contar o 1 realzinho por cada revista vendida, que é um plus.
O advogado também fica feliz, pois está ganhando a notoriedade e a visibilidade nunca dantes experimentadas. No final das contas, todo mundo sai feliz (a Luciana Gimenez que o diga).
Mas pode ser que seja melhor do que falar do Iraque e do Afeganistão invadidos, não é mesmo? Melhor do que ser franco e verdadeiro, noticiando o roubo governamental de aposentados e pensionistas pelo fator previdenciário, certo? Melhor do que falar de uma tal de Maria Paraguaçu e da luta quilombola contra um racismo humilhante, correto? Melhor do que falar do que o José Serra faz com a mordaça nos funcionários públicos paulistas, não? Melhor do que continuar a falar naquela tal de reforma agrária, correto? Melhor do que insistir que o problema do país continua a ser educacional, certo? ERRADO! Está, sim, tudo errado.
Só que, apesar de tudo, e assim como a Elisa Lucinda, eu vou falar é dessas coisas outras. Mais e mais. E não vou falar de Geisy Arruda, pois dela não se precisa falar mais, visto que isso não acrescentará em nada. Vou falar é do resto e, se me perdoam o uso de uma sentença forte (mas apenas para homenagear a grande poeta Elisa Lucinda) falarei de tudo o mais, “só de sacanagem”.

Ps: Não, eu não estou falando palavrão. Vale a pena ler o poema Só de sacanagem. Acredite, é muito melhor do que qualquer “notícia bomba” que rola por aí nessas mídias manipuladas e manipuladoras.

liberdade, beleza e Graça...