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Graduado em Artes Cênicas, Teologia e Ciências Sociais. Mestre em Sociologia e Direito pela UFF, Doutor em Sociologia pela UERJ e Pós-doutor em Sociologia Política pela UENF. Pesquisador de Relações Raciais, Sociologia da Religião e Teoria Sociológica. Professor do Instituto Federal de São Paulo.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

“O seu direito não pode matar o meu”

Na semana passada, a cantora Claudia Leitte foi acusada de homofobia, por conta de uma declaração acerca de Davi, seu filho recém-nascido. Ao ser questionada sobre o que achava de seu filho vir a se tornar gay no futuro, a cantora baiana afirmou: “olha, eu adoro os gays, mas quero que o meu filho seja macho”. A frase não soou bem aos ouvidos de grupos defensores dos direitos dos homossexuais e Claudia Leitte precisou desfazer o “mal entendido”, brincando até que se considera uma “traveca”.
Na mesma semana, o humorista Danilo Gentili foi acusado de racismo, pois comparou os jogadores negros de futebol com um gorila de filme, o King Kong, que, segundo Gentili, “acha que é futebolista, pois ao se dar bem na vida, logo arruma uma loira”.
Ao se pensar nas possíveis posturas homofóbica e racista de um e outro desses artistas, é preciso que se diga que eles manifestaram uma opinião pessoal. No entanto, e para não perder público e vendagem entre seus semelhantes brasileiros, um e outro precisaram se retratar, refutando a homofobia e o racismo, respectivamente.
Outro texto já foi escrito neste espaço (Do direito e da coragem de ser) para tratar da temática, mas é fundamental que uma atualização do debate se dê. Assim, o que gostaríamos de propor é que uma inversão de valores está se dando, mesmo que não seja percebida por muitos. Não se trata, porém, da “inversão” que muitos enxergam por acharem que “no passado não era assim e era melhor”. Trata-se de outro tipo de inversão.
A inversão que aqui se quer problematizar é a dos direitos civis, políticos e sociais adquiridos com o passar dos tempos. Direitos que foram conquistados a duras penas e até com perdas de vidas. Falamos aqui de uma inversão que propõe novos direitos, rechaçando outros, já antes estabelecidos. Não estamos propondo que o novo está errado e que “no passado era tudo mais belo e muito melhor”. O que estamos criticando é a versão "pós-moderna" do chamado pensamento único.
O “demônio” que se estabeleceu nos debates de direitos atualmente não é, ao fim e ao cabo, o da homofobia ou o do racismo, mas sim, o monstro do "politicamente correto".
Hoje, é politicamente correto falar que se “adora um preto ou uma preta”, mas é expressamente proibido dizer que se “prefere uma mulher branca ou um homem branco para namorar”. É também bonito e até cult dizer: “a sexualidade do meu filho ou da minha filha, mesmo querendo ser gays, é coisa para eles escolherem, pois a vida é deles”, mas será considerada uma “postura homofóbica e retrógrada” afirmar: “eu gostaria que meu filho fosse macho”, como o fez Claudia Leitte.
No final das contas, os questionamentos que se colocam para o debate são: Posso preferir uma pessoa branca? Posso preferir uma pessoa preta? Posso preferir ser homossexual? Posso preferir ser heterossexual? Tenho eu o direito de concordar que o homem nasceu para a mulher e a mulher para o homem, ou o "politicamente correto" me obriga a pensar como você? Ainda tenho direitos, ou o seu direito vai matar o meu?

liberdade, beleza e Graça...