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Graduado em Artes Cênicas, Teologia e Ciências Sociais. Mestre em Sociologia e Direito pela UFF, Doutor em Sociologia pela UERJ e Pós-doutor em Sociologia Política pela UENF. Pesquisador de Relações Raciais, Sociologia da Religião e Teoria Sociológica. Professor do Instituto Federal de São Paulo.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

“Enunciados do Enem, textos longos e livros grossos”

Interessa-me muito o noticiário sobre a avaliação anual que o governo federal promove para o ingresso em universidades, pois dela depende a inserção de muitos brasileiros pobres – com um contingente bem significativo de negros e negras – no ensino superior deste país.
Das notícias referentes ao “evento Enem”, porém, a que mais me chamou a atenção não foi a do roubo do primeiro lote de provas, meses atrás, mas a da reclamação dos candidatos, quando afirmaram, após as provas, que “os enunciados eram muito longos e cansativos”.
Para um país onde as instituições de ensino em sua maioria estão acostumadas a uma educação bancária, seguindo o conceito de Paulo Freire, é triste perceber que os educandos não estão acostumados a outra coisa, senão ao “senta aí que eu te ensino, pois eu sou professor e você é só um a-luno” (o hífen é proposital).
A educação, portanto, acaba por ser algo onde os educandos se preocupam muito em ter a resposta curta e “na ponta da língua” – incutida bancariamente pelo professor –, mas não ter espaço algum para uma reflexão em profundidade. Ainda tenho em memória algumas “respostas prontas e certas” de tempos passados: “Quem descobriu o Brasil?”. “Pedro Álvares Cabral” (na época não havia controvérsia). “O que é matéria?” “É tudo o que existe e ocupa lugar no espaço” (também não havia controvérsia) etc. Eu estava certo?
Parece que sim, pois fui sempre aprovado e consegui chegar ao ensino universitário assim. Mas a coisa precisou mudar. Confesso, porém, que “a coisa” só mudou na universidade, por conta da escolha por uma carreira onde a crítica é imprescindível. Se assim não fosse, não sei, não.
Mas voltando ao tema do presente texto (e preciso terminá-lo antes do meu “normal de linhas”, para não ter “problemas”), muitos dos meus alunos reclamaram que “os textos do deste blog são muito longos, passando de 15 linhas!”.
Adicionado a isso, ouvi de alguns outros: “Professor, indica livros finos, pois livro grosso ninguém merece!”. Ao fim e ao cabo, não sei se choro, lançando cinzas sobre a cabeça, ou se tento “angariar novos leitores”, escrevendo textos que não ultrapassem 15 linhas.
Ih, “infelizmente”, já passei de 15 linhas; só me resta mesmo vestir panos de saco, jogar cinzas na cabeça e chorar profundamente.

liberdade, beleza e Graça...