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Graduado em Artes Cênicas, Teologia e Ciências Sociais. Mestre em Sociologia e Direito pela UFF, Doutor em Sociologia pela UERJ e Pós-doutor em Sociologia Política pela UENF. Pesquisador de Relações Raciais, Sociologia da Religião e Teoria Sociológica. Professor do Instituto Federal de São Paulo.

sábado, 16 de janeiro de 2021

"O bolsonarismo matou a igreja"

Quando eu era garoto e ainda não votava, um pastor de minha igreja disse: "se esse Lula ganhar a eleição, o PT vai fechar as igrejas, mudar a cor da bandeira, mudar o hino nacional e acabar com a liberdade do povo brasileiro". O Lula ganhou e o PT nunca fez o que o pastor John, um missionário estadunidense, disse. Todavia, eu nunca ouvi um pedido de desculpas do tal pastor.

Anos se passaram e estamos às voltas com outra interferência da religião na política. Agora, porém, é a direita (jungida à extrema-direita bolsonarista), que está lançando mão do aparato religioso para angariar militantes, sendo que tal militância fez aquilo que o PT faria, segundo o pastor supracitado; conseguiu se infiltrar na igreja e destruí-la por dentro, usando seus próprios membros.

Já passei por duas situações lamentáveis, incluindo uma de ameaça de "irmão de fé" bolsonarista, que não aceita qualquer crítica ao "messias" escolhido. Perdi amigo e vi pastor ser ameaçado, mesmo que nem sendo tanto progressista e nem "petista/comunista". Diga-se de passagem, comunista agora é todo aquele que discorda do bolsonarismo, podendo ser qualquer integrante da direita brasileira, de João Dória a Sérgio Moro.

Depois dos episódios que vivi e que vi viver um pastor amigo, percebi que o bolsonarismo deixará algo nas igrejas; o ódio. Sim, estamos odiando uns aos outros e isso não tem mais prazo para acabar, pois o argumento não vale de mais nada, valendo o que as redes sociais e os discursos de ódio fomentam dia após dia, o que me faz lembrar Nietzsche, ao afirmar que "Deus morreu", ainda que eu entenda o filósofo ao perceber que é o discurso sobre Deus que está morto. Quanto às igrejas, simplesmente se tornaram o túmulo de Deus; não há vida ali, não há amor. O discurso de ódio e as práticas odiosas nos tomaram, o que de fato torna a igreja algo completamente obsoleto. 

liberdade, beleza e Graça...