Quem sou eu

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Graduado em Artes Cênicas, Teologia e Ciências Sociais. Mestre em Sociologia e Direito pela UFF, Doutor em Sociologia pela UERJ e Pós-doutor em Sociologia Política pela UENF. Pesquisador de Relações Raciais, Sociologia da Religião e Teoria Sociológica. Professor do Instituto Federal de São Paulo.

sábado, 19 de março de 2022

"A guerra que não se pode realmente conhecer"

A guerra da Ucrânia completou 3 semanas e é muito difícil entender o conflito, uma vez que os veículos da grande mídia brasileira parecem achar que todos somos tolos e manipuláveis, aliás, como sempre. Isso porque a impressão que se tem é a de que russos matam civis e ucranianos, não. Russos fazem o mal e ucranianos, não. A imagem vendida é a de que a OTAN - Organização do Tratato do Atlântico Norte, liderada pelos Estados Unidos, é desinteressada em algo para além da segurança de seus países-membros, o que nem de longe é verdade. 

Não sou pró-Rússia e sou antibélico radical. Detesto armas e estou certo de que seria preso por deserção, caso fosse convocado para qualquer tipo de conflito armado. Dito isso, é importante lembrar o historiador e cientista político estadunidense Benedict Anderson, quando este fala sobre a formação dos Estados Nacionais. Tal formação de cada estado-nação respeitando apenas fronteiras físicas é um dos maiores problemas da construção do mundo ocidental, segundo Anderson, dado que, tal como no caso da Rússia e da Ucránia, muitos estados respeitaram fronteiras físicas, mas não as étnicas, o que faz com que povos como os de Donetsk e Luhansk se sintam russos e falem russo, ainda que sejam obrigados, pela fronteira física, a se declararem ucranianos. 

É claro que a grande mídia não trata adequadamente dessa região de Donbass, pois não interessa discutir a razão de esses povos não se pretenderem ucranianos, interessando apenas tratar a região como "tomada por separatistas pró-Rússia", como se o povo de lá quisesse ser ucraniano, o que nem de longe se configura como verdade. Assim, não dá para se começar a compreender tal conflito sem se pensar sobre as diferenças étnicas contidas na região, o que essa mídia ignora completamente. 

Outra coisa muito importante a se pensar é o fato de que a OTAN, sob liderança dos Estados Unidos, sempre quis se impôr para além dos propósitos pelos quais ela foi criada. Hoje, como é possível ver, tal organização tem por objetivo maior cercar a Rússia, impedindo-a de continuar a ser considerada um país de bom trânsito no continente europeu e confrontando-a pelo arsenal militar nuclear ali contido, que é o maior do mundo, diga-se. Assim, os Estados Unidos, que, sem o aval da ONU, invadiram o Iraque, com a mentira de que lá havia armas químicas, e geraram crimes de guerra como os cometidos por soldados estadunidenses na prisão de Abu Ghraib, perto de Bagdá, se consideram os salvadores do mundo, sendo os russos os gênios do mal e reais criminosos de guerra. 

De tudo isso, enfim, o que se pode concluir é que ninguém é totalmente certo numa guerra e a propaganda sempre vai falar mais alto do que os fatos. Por conta disso, então, Vladimir Putin  não é mocinho e nem os Estados Unidos são os bons moços do mundo. Apenas são dois polos que se pretendem hegemônicos, ou aumentando o poder russo sobre as antigas repúblicas soviéticas, ou aumentando o poder da OTAN, no intuito de que quem não comunga dos atos estadunidenses devem ser considerados do "eixo do mal", ainda que nada se fale abertamente sobre outros acordos firmados na ONU, como o do território palestino, ocupado ilegalmente por judeus, muitos dos quais consideram antisssemita todos aqueles que lhes falam algumas verdades na cara. Que mundo é esse?!

liberdade, beleza e Graça...