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Graduado em Artes Cênicas, Teologia e Ciências Sociais. Mestre em Sociologia e Direito pela UFF, Doutor em Sociologia pela UERJ e Pós-doutor em Sociologia Política pela UENF. Pesquisador de Relações Raciais, Sociologia da Religião e Teoria Sociológica. Professor do Instituto Federal de São Paulo.

domingo, 24 de junho de 2018

"Copa desmobilizada: a consciência política chegou?"

Não é raro ouvirmos que o momento de Copa do Mundo funciona como ópio e anestésico no povo, fazendo com que problemas nacionais como a falta de serviços básicos em saúde, educação e segurança sejam esquecidos por pelo menos um mês. Todavia, pela primeira vez após o último título com Pelé, em 1970, um movimento parece ter quebrado essa sina nacional, já que a mobilização para a Copa se mostrou muito aquém do esperado, sobretudo para aqueles que a patrocinam. 

Prova disso foi muitíssimo interessante de se ver nos apelos apelativos (desculpe a redundância, mas eu a quero aqui) da parte dos narradores esportivos, em especial o global Galvão Bueno, que, incomodado com uma desmobilização nunca dantes vista, instou o povo a "fazer como em todas as outras Copas", quando meses antes do evento as ruas já estavam cheias de bandeiras verdes e amarelas e as ruas se encontravam pintadas para o evento, o que dessa vez não aconteceu. 

Pensando na questão de temas cruciais para a nação, a pergunta que fica seria se de fato chegamos a um ponto em que o futebol não tem essa importância toda e se não é hora de colocarmos tal evento, a Copa do Mundo, apenas como mais uma simples situação de entretenimento, sem qualquer força para fazer com que deixemos de pensar em questões nacionais realmente relevantes. 

Para alguns, foi apenas uma coincidência, pois a Copa veio em um momento de greve crise econômica, política e moral na nação, sobretudo em se tratando da classe política brasileira, tão desacreditada pelo povo que a elegeu. Para outros, no entanto, o amadurecimento político e de consciência de classe chegou a um grupo maior da população, muito por conta de uma experiência mais encorpada com o sistema democrático - e em uma era mais atenta aos direitos individuais e coletivos - o que estaria acontecendo já desde 1988.

A independer do motivo de tal desmobilização, porém, foi interessante ver que o controle dos grandes veículos de mídia sobre a população, sobretudo a menos letrada, também pode perder força, ainda que continuemos a ser o país do carnaval e do futebol. Basta que a população se mantenha vivenciando democracia e a querendo aperfeiçoada, mesmo que com rupturas nada convencionais como o impeachment de Dilma Rousseff, pois, ao fim e ao cabo, perder uma Copa do Mundo, por causa de um Roberto Carlos ajeitando o meião, um Felipe Mello pisando em holandês ou um vexatório 7 a 1 alemão, nunca será pior do que se ouvir um "pai, estou com fome".

liberdade, beleza e Graça...