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Graduado em Artes Cênicas, Teologia e Ciências Sociais. Mestre em Sociologia e Direito pela UFF, Doutor em Sociologia pela UERJ e Pós-doutor em Sociologia Política pela UENF. Pesquisador de Relações Raciais, Sociologia da Religião e Teoria Sociológica. Professor do Instituto Federal de São Paulo.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

"Retratos de uma pandemia: cacetinho"

Ele era intérprete de surdos, professor de LIBRAS, além de ser pastor auxiliar em uma igreja no Vale do Paraíba. Como era obeso e estava longe da família, que mora em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, resolveu pedir umas férias à igreja e ficar perto da família até a pandemia acalmar um pouco, já que, para quem é do grupo de risco, estar perto de familiares e amigos de longa data é a melhor coisa.

Pegou Covid 19 justamente no sul do país, junto da família, e não resistiu aos efeitos perversos da doença. Não teve velório e nem os familiares puderam estar no sepultamento, por mais cruel que isso possa parecer. O pastor Edison, o Edinho, como era carinhosamente chamado, foi mais uma das quase 620 mil vítimas da Covid. Conheci-o no seminário, onde nos formamos em Teologia, e em raras ocasiões nessa vida eu vi alguém mais alegre e que alegrasse mais o ambiente. 

Estudamos na mesma sala de seminário e viajamos juntos uma vez, numa comitiva de 40 jovens fazendo trabalho voluntário no sertão do nordeste, onde ele era o motivo máximo da nossa gargalhada. A imagem dele brincando de hipopótamo a abaixar dentro da água de um riacho ainda está na memória, assim como o apelido de "cacetinho", que demos pelo fato de gente do sul chamar pãozinho francês dessa maneira. Que Deus te receba em festa, meu bom amigo!

liberdade, beleza e Graça...