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Graduado em Artes Cênicas, Teologia e Ciências Sociais. Mestre em Sociologia e Direito pela UFF, Doutor em Sociologia pela UERJ e Pós-doutor em Sociologia Política pela UENF. Pesquisador de Relações Raciais, Sociologia da Religião e Teoria Sociológica. Professor do Instituto Federal de São Paulo.

segunda-feira, 28 de março de 2011

"Barack Obama e os primeiros presos políticos do governo Dilma"

E, enfim, eis que o presidente da maior potência bélica e econômica do mundo apareceu no Brasil. Não foi o primeiro a fazê-lo, mas, por ser Barack Hussein Obama, a tal visita vinha eivada de significados. Aos que se lembram da máxima de sua campanha para a presidência dos Estados Unidos da América do Norte, o famoso "Yes, we can", tê-lo aqui seria a grande oportunidade de entrar em contato com aquilo que podemos e com aquilo que, definitivamente, não podemos.
Na campanha eleitoral estadunidense o mundo ficou surpreso; parecia que, enfim, teríamos um hegemon presidido por alguém que olhava para questões preteridas pelos EUA há tempos. Na cabeça ingênua de gente comum que acompanha o sistema político internacional, o absurdo chamado Guantánamo seria enfim fechado, o sistema de saúde estadunidense ganharia possibilidades de atender aos pobres (o sistema lá é pior do que o nosso SUS, acredite), o embargo criminoso e ideológico contra Cuba seria revisto e a campanha bélica ganharia um tom menos bárbaro, começando com a retirada de tropas usurpadoras de um Iraque que verdadeiramente não tinha armas químicas e que foi invadido sem o consentimento da ONU (órgão que já não se sabe mais para o quê serve). Não veio esse homem ao Brasil, no entanto.
De promessa de campanha eleitoral, apenas a equiparação de salários entre os homens e as mulheres que exercerem a mesma função, algo que para uma potência econômica era mais do que obrigação. No mais, o Obama que nos visitou foi a personificação da decepção, visto que em pouco - ou nada - se diferencia do brucutu chamado George Bush. Triste, mas real.
De nossa parte, periferia do sistema econômico mundial, cabia o de sempre: se pouco politizados, "babar ovo" para o "superior e avançado"; se muito politizados, protestar contra a forma menosprezadora com que ainda nos tratam e contra mais uma guerra em busca de petróleo e dominação, que é a invasão da Líbia.
Mas o pior de tudo estaria por vir. O que assistimos nos dias daquela visita nos assustou. Assim como Obama é uma decepção, tivemos de lamentar a postura de nossa presidenta Dilma Rousseff. Numa atitude subserviente ao presidente do hegemon da vez, Dilma foi conivente com a prisão de vários companheiros de luta contra a dominação e a visão belicista da história. Foram vários os estudantes que tiveram suas cabeças raspadas, suas roupas retiradas e suas vidas aprisionadas em celas comuns, durante o tempo em que Obama esteve no Brasil. Afinal, para a presidenta, outrora presa e torturada pelo mesmo sistema estadunidense - responsável pelas ditaduras em toda a América Latina, incluindo a vergonhosa que tomou nosso país -, não foi problema fazer com os estudantes do Rio de Janeiro o que fizeram com ela anos atrás.
Por terem protestado contra a visão belicista estadunidense, nossos companheiros tiveram de sofrer, ironia do destino, o mesmo que nossa presidenta sofreu, só que agora com tudo consentido pela própria presidenta! O que vemos, pois, é que quem é torturado não esquece jamais. Ou entra em parafuso, lutando como louco para sobreviver aos fantasmas que tais abusos trazem, ou aprendem as nefastas técnicas para utilizá-las tempos depois. A última opção, tristemente, aconteceu com nossa Dilma Rousseff, a quem também dei meu voto, pois, como os estadunidenses, acreditei na farsa de que, sim, nós podemos.
Num mundo individualista e baseado na força de Mamon, o deus dinheiro, nós não podemos e, definitivamente, não temos muita força nem para apoiar o movimento Tortura Nunca Mais, pois aqui, tristemente, e tal como nos Estados Unidos, tortura nunca é demais.

liberdade, beleza e Graça...