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Graduado em Artes Cênicas, Teologia e Ciências Sociais. Mestre em Sociologia e Direito pela UFF, Doutor em Sociologia pela UERJ e Pós-doutor em Sociologia Política pela UENF. Pesquisador de Relações Raciais, Sociologia da Religião e Teoria Sociológica. Professor do Instituto Federal de São Paulo.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

"Grande mídia, eleições e Copa do Mundo"

A Copa do Mundo está chegando ao seu final e é interessante notar como tal fenômeno está sendo capaz de mexer com as estruturas da sociedade brasileira. Das vaias raivosas, e cheias de xingamentos, de um grupo contrário à gestão da atual Presidenta da República - coisa que em qualquer país decente seria tida como baixaria de marca maior - até a mudança de humor eleitoral, também atribuída ao evento esportivo que por esses dias nos toma, é interessante notar como o futebol tem poder sobre esse povo cordial.

A participação da grande mídia brasileira, sobretudo a da Rede Globo, maior detentora de audiência no país, foi o que se esperava, mas surpreendeu pela capacidade de tentar manipular ainda mais as mentes e corações. Já é sabido que a emissora da família Marinho orientou seus jornalistas a focar apenas pontos negativos de uma Copa do Mundo que poderia ser atrelada a um determinado partido político, mas foi deprimente ver profissionais chamados de jornalistas fazendo coro em xingamentos à pessoa da presidenta, representante de um partido tido como contrário aos interesses de uma elite que, ao fim e ao cabo, foi quem mais ganhou com o PT no poder, o que faz tal partido popular sofrer críticas ácidas daqueles que entendem que tal agremiação traiu grande parte de seus ideais, por conta de uma tal "governabilidade". 

O que novamente surpreendeu - tal como aconteceu na "mudança de lado" da Globo, quando das manifestações de junho de 2013 - foi a radical mudança de discurso da Vênus Platinada. O que era um pessimismo proposital da mídia brasileira passou a ser um "mau humor da mídia internacional", segundo palavras de William Bonner e sua correspondente internacional Elaine Bast, isentando de culpa a organização de mídia que até então vinha focando uma pauta negativa em relação ao evento esportivo que chamou a atenção da opinião pública internacional, surpreendida positivamente com o Brasil e sua capacidade de sediar um grande evento. Tal como no ano passado, quando obrigou seu articulista Arnaldo Jabor a mudar radicalmente seu discurso da noite para o dia, a Globo "mudou de lado" e tenta, a todo custo, capitalizar com um evento contra o qual sempre torceu, por pura ideologia partidária, já que tal emissora funciona no país não como canal de informação, mas como partido político de direita.

Fazer com que Aécio Neves ganhe votos com a Copa do Mundo que em uma semana chegará ao fim, parece tarefa impossível à Globo, no entanto, talvez outra estratégia seja possível no intuito de tirar a próxima eleição de Dilma - o que acho impossível, acompanhando opinião de Plínio de Arruda Sampaio, do PSOL. Para a Globo lograr êxito, é só torcer por uma derrota do Brasil, num novo maracanazzo, mas agora piorado, já que poderá ser para a Argentina, nossa rival maior. Com ou sem maracanazzo, todavia, uma coisa parece se mostrar certeira: não será o futebol o responsável pelo resultado da eleição que se aproxima, uma vez que, pode-se até fazer parte do grupo do "quanto pior, melhor", mas, dada a atual conjuntura política, ganhar uma eleição, assumindo ser contrário ao Minha Casa Minha Vida, ao Prouni, ao Mais Médicos e, sobretudo, ao Bolsa-família é como querer gol do Kaká na final da Copa.

liberdade, beleza e Graça...