Quem sou eu

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Graduado em Artes Cênicas, Teologia e Ciências Sociais. Mestre em Sociologia e Direito pela UFF, Doutor em Sociologia pela UERJ e Pós-doutor em Sociologia Política pela UENF. Pesquisador de Relações Raciais, Sociologia da Religião e Teoria Sociológica. Professor do Instituto Federal de São Paulo.

domingo, 15 de outubro de 2017

"Eu sou professor!"

Sou professor desde 1997, mas chegar ao dia 15 de outubro sempre me foi muito normal e nunca nada de muito excepcional me aconteceu por conta de tal data. Todavia, um insight nunca antes tido me veio no dia do professor deste 2017. Para além do simbolismo de 20 anos de docência (não, não sou velho; comecei a dar aulas de teatro antes mesmo de me formar! rsrs), olhei para meus alunos e percebi que eles me escutam muito, me levam a sério demais, valorizam demais o que falo, o que penso e o que ensino. Onde vários colegas enxergam alunos desinteressados e bagunceiros, só vejo olhos vidrados, sendo que isso sempre me pareceu muito normal. Percebi também que tenho um papel de muita responsabilidade na vida desses caras, além do fato de eu ser considerado um bom professor por eles, o que sempre me honrou, mas nunca recebeu tanta importância de minha parte, já que, para mim, ser bom professor é uma coisa "normal". Só que não.

Um amigo meu me disse uma vez que "encontrar um bom professor é encontrar um tesouro". É verdade. Eu encontrei alguns, mas nenhum que se compare à dona Ana Verônica Pardo, aquela por causa da qual eu sou doutor hoje. Afinal, como agradecer a uma figura que olhou para o pior aluno da classe e o fez se tornar o melhor? Que mágica tinha aquela mulher? Nenhuma. Não era mágica. Era olhar. Assim como Jesus, o milagre não está na mágica feita, mas no olhar que enxerga a invisibilidade social de alguém, trazendo-o para o Caminho, retirando-o da margem, evitando o marginalizado.

Ganhei um livro. A ex-aluna fez uma dedicatória. "Você foi o melhor professor que eu já tive na vida". Sim, o dia do professor de 2017 foi simbólico, e não apenas pelos 20 anos completados, mas porque, pela primeira vez na vida, eu me senti como a dona Ana, quando eu tinha apenas 8 anos de idade. Eu consegui também fazer o milagre! Sem nada que fizesse menção à questão da sexualidade, me tornei Ana, Ana Verônica; me tornei professor! E, apesar de a mais importante profissão que existe não ter nem um décimo do valor que deveria ter, tenho a maior honra e o maior orgulho de hoje afirmar categoricamente que eu sou professor!!

liberdade, beleza e Graça...


4 comentários:

Abraão Filipe disse...

Que show, professor! A singularidade da docência sempre me cativou. Saiba que, indubitavelmente, você marcou a história do nosso campus. Inclusive, se acabei de ler essas palavras (não consigo largar o blog) é porque uma sementinha ficou, não é mesmo? Um forte abraço!!!

Unknown disse...

Com certeza você se tornou um excelente professor, pois ouviu os professores e seus conselhos. Dar o melhor e fazer o melhor está em você. Não posso deixar de dizer que fazia parte do plano de Deus.

Unknown disse...

Ser e dar o melhor está em você! Sua dedicação e criatividade encanta seus alunos! E você acredita neles, assim como a dona Ana acreditou em você!

Unknown disse...

Que texto lindo. Fiquei tocada professor, como você mesmo disse, nunca se imaginou em outra profissão que nao fosse a de professor, você ama o que faz por isso faz com excelência.