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Graduado em Artes Cênicas, Teologia e Ciências Sociais. Mestre em Sociologia e Direito pela UFF, Doutor em Sociologia pela UERJ e Pós-doutor em Sociologia Política pela UENF. Pesquisador de Relações Raciais, Sociologia da Religião e Teoria Sociológica. Professor do Instituto Federal de São Paulo.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

"Democracia, sim, mas não de verdade, pode ser?"

A crise política que se instalou no Egito oferece-nos um material emblemático, uma vez que é uma crise para a qual o remédio que serviu sempre não serviria; a democracia no Egito é, segundo os Estados Unidos da América do Norte, "uma incógnita e um perigo", pois não significaria algo tão positivo, como sempre significou para os da "terra da liberdade".
A bem da verdade, o ditador Hosni Mubarak está no poder há trinta anos, sem qualquer intervenção que vise democratizar sua nação. Por que razão isso acontece no Egito, já que o país de Barack Obama, o grande "gestor do mundo", sempre "incentivou" a questão democrática? Embora pareça em princípio, não é difícil de se entender tal paradoxo e responder tal questão.
Como é sabido, o Egito é um país que abriga um grande número de muçulmanos, tendo muitos extremistas entre eles. Assim, na cabeça dos gestores das políticas internacionais dos Estados Unidos, dar voz e vez para que a vontade do povo se estabeleça é um risco que não se deve correr. Por essa razão, seria melhor manter Mubarak no poder, como aliás fizeram nos últimos trinta anos. Afinal, Hosni Mubarak pode ter todos os defeitos de um ditador, mas uma coisa é certa: conseguiu se manter no poder e evitar que o Egito, com a sua multidão de islâmicos, se tornasse um reduto de apoio a líderes adversários de Israel, Arábia Saudita e Estados Unidos, como é o caso do presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad.
Com Mubarak, os Estados Unidos tinham um aliado que, se não era dos mais amigáveis, ao menos não permitia que os piores inimigos tomassem o poder, desafiando, apoiados por uma legião de extremistas das mais variadas facções, a terra de Hilary Clinton.
No entanto, o Egito agora está em polvorosa e o povo pede democracia. Mas não pode, segundo a cúpula de poder estadunidense. Não é possível ter democracia, pois, se a vontade da maioria prevalecer no Egito, é bem provável que seja uma vontade a desagradar os maiores patrocinadores de subidas e quedas de ditadores ao redor do mundo; os Estados Unidos da América.
Assim, a democracia é o melhor sistema de governo, desde que a maioria de uma população não pense de forma diferente daquela externalizada pelo hegemon da vez. É mais ou menos assim: "Se vocês pensarem como a gente, aceitando todos os nossos argumentos, a democracia serve para vocês. Se isso não acontecer, mais trinta anos de ditadura Mubarak será melhor, pois a nós só fez o bem".
Para os Estados Unidos a democracia é como a liberdade de imprensa; pode até existir para os outros, mas, se surgirem uns wikileaks da vida, eles prendem os responsáveis, mandando esses "estupradores" para um duradouro apodrecimento na masmorra.

liberdade, beleza e Graça...

3 comentários:

Raquel da Mata disse...

pois é.... e a história só se repete.
gostei da crítica.
como sempre, ótimo texto.

Will disse...

Ótimo texto. :) Mas... e agora que o ditador foi derrubado? Isso deve influenciar vários outros países sob ditaduras... como estará a cabeça do Obama agora?

Cleinton disse...

Agora o Egito ficará esquecido, cara. Aos EUA só interessa o Irã. O foco deles será sempre o Ahmadinejad. Como na situação do Afeganistão; o inimigo era o Bin Laden e estava no Afeganistão, mas a invasão foi no Iraque, pois o "inimigo da hora" era o Sadam e o "amigo da hora" era o petróleo. Coisas da maluca e imperialista cabeça do "tio sam". Há braços, felizinho.