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Graduado em Artes Cênicas, Teologia e Ciências Sociais. Mestre em Sociologia e Direito pela UFF, Doutor em Sociologia pela UERJ e Pós-doutor em Sociologia Política pela UENF. Pesquisador de Relações Raciais, Sociologia da Religião e Teoria Sociológica. Professor do Instituto Federal de São Paulo.

terça-feira, 2 de abril de 2013

"Do curioso caso do deputado pastor Marco Feliciano"

Eu não iria escrever sobre isso. Não tinha qualquer interesse no assunto. Mas... É duro quando amigos ficam "cobrando" uma postura da gente, sobretudo por saberem que sou pastor, mesma vocação que o Feliciano diz desempenhar. Assim, como diria Nelson Rodrigues, "vamos ao". Espero, no entanto, não ocupar muito espaço, uma vez que trata-se apenas de uma tentativa de justificar minha "desvontade" de escrever sobre o assunto que está "na crista da onda". 

O deputado Marco Feliciano foi eleito democraticamente pelo povo brasileiro. O mesmo deputado foi eleito também democraticamente por seus pares na Câmara para o cargo de presidente de uma Comissão, a de Direitos Humanos. O deputado falou, há tempos, muitas coisas consideradas duras e imbecis, justificando uma sua postura religiosa sobre temas como racismo, homossexualismo e minorias em geral. 

O deputado hoje representa uma comissão que deve lutar contra muitas das besteiras que ele mesmo disse no passado. Portanto, Feliciano deve agir como um deputado da nação e não mais como um dogmático pastor, o que vem fazendo, pelo que é possível perceber. Assim, qual a razão de se precisar escrever sobre um tema, senão para fazer uma crítica da crítica? Sim, é necessário buscar as razões que nos obrigam a focar uma única comissão, sendo que muitas delas, também em andamento, estão carentes de uma atenção mais séria.

Existe uma comissão para tratar do meio ambiente, batendo de frente com os oligarcas do agronegócio, mas esta não tem nem de longe a atenção que merece ter. Existe uma comissão que trata de um marco regulatório para as comunicações no Brasil, mas esta é tratada como "possibilidade de censura" pelos grandes conglomerados de mídia, uma vez que qualquer democrática regulação tiraria destes grupos o direito de publicar uma opinião que jamais veio do povo, mas que é trazida como sendo deste

Assim, o que se deve fazer é colocar em pauta o nocivo poder das Organizações Globo, da Folha de S. Paulo, do Estadão e da Editora Abril, com sua macabra revista (não) Veja. Sem colocar o dedo nessas feridas, falar do resto é falar de "cachorro morto"; é inventar pautas que só deveriam figurar nossos dias se tivermos o que falar contra um deputado e presidente de uma comissão parlamentar, e não contra um pastor boboca que outrora falou babaquices. 

Afinal, se a lógica for transportada democrática e justamente para todos - o que deveria sempre ser feito - a Xuxa jamais poderia trabalhar com crianças, pois no passado fez filme pornográfico com um menino, bem como eu não poderia ser pastor e nem falar sobre o que entendo ser justo e correto, pois vivi boa parte da minha infância e adolescência roubando chocolates e pilhas para o meu rádio, nas Lojas Americanas. Então, se a Xuxa pode e eu posso, o Feliciano também pode. Se fizer besteiras lá, como falou besterias em tempos idos, tirem-no de seu posto! Do contrário, aquietem o coração e deixem o homem trabalhar!

liberdade, beleza e Graça...


6 comentários:

Liana disse...

Sei não, o cara não tem perfil nenhum, nem histórico em "humanidade", muito pelo contrário, se é que consigo fazer me entender... Mas, realmente, existem outros assuntos sérios para serem acompanhados com seriedade e participação da população.
E vc, equilibrado.... Quero ver num post seu vc quebrar tudo!!! Brincadeira, continue assim, já tem muita gente quebrando muita coisa por aí...rsrs

Cleinton disse...

Eu também não tenho perfil, nem histórico, e nem moral para ser o que sou, Liana. No entanto, olha o que a Graça faz com a gente! Beijo carinhoso, amiga.

Liana disse...

Ah, não... vc bota a graça no meio, aí acaba a discussão, poxa! rs.

Cleinton disse...

Né?! rsrs

Liana disse...

Pois é! rsrs

Jabesmar disse...

Mano, gostei do seu texto. Um oásis de lucidez num deserto de opiniões radicais tanto de um lado como de outro.
É óbvio que o Feliciano falou muita tolice, mas isso automaticamente não faz dele um racista,
Na questão da CDHM e mais sensato esperar para ver se ele honrará ou não suas responsabilidades.