Concordando ou não com o seu posicionamento ideológico, todos sabemos que é inegável a enorme importância da contribuição de Karl Marx para o pensamento crítico contemporâneo nas mais diversas áreas do conhecimento. Tanto na Economia quanto na Filosofia, na História e nas Ciências Sociais, as ideias marxianas conseguem ainda encontrar espaço privilegiado nos debates acadêmicos e em outras rodas em que se interessam por pensar o modus operandi do sistema capitalista selvagem em que nos metemos. Em épocas de crises econômicas, como a que atingiu o mundo em 2009, isso fica ainda mais evidenciado e a obra de Marx é acessada até vorazmente.
No entanto, excetuando-se aquela que seria conhecida como a Teologia da Libertação, a única esfera onde o tal pensamento marxiano sempre pareceu não encontrar muita aceitação foi a esfera religiosa. Talvez por culpa do próprio Marx, que - não atentando para o forte poder da religião na mobilização das massas contra a opressão do Estado e do capitalismo e para o poder de sociação de algumas denominações religiosas em relação a grupos socialmente excluídos - taxou a religião como simplesmente "o ópio do povo", pois algo que só faria alienar os grupos de explorados, que não lutariam contra os seus dominadores, por conta de algo que seria para Marx um "posicionamento castrador" inerente à religiosidade.
Com a mesma ideologia de Karl Marx, mas com um olhar mais atento para as religiões e sua inegável contribuição na luta contra a opressão, Friedrich Engels, Rosa Luxemburgo e António Gramsci apresentaram textos onde a religiosidade fugia à afirmativa em princípio bastante reducionista que Marx legou à humanidade. A religião veio então a ser apresentada como algo para além de um simples "anestésico" para os dramas de uma humanidade permeada por desigualdades de toda natureza.
Ao arriscarem uma comparação entre o comunismo e o cristianismo primitivo, tais autores conseguiram fazer a aproximação que Marx não conseguira e possibilitaram, por esse gesto bastante solidário e delicado, uma abertura que fomentaria o pensamento marxiano como praticamente sinônimo do cristianismo strictu sensu. Se num âmbito mais latu o cristianismo passou nos últimos anos a ser uma faceta religiosa do capitalismo alienador - vide a "Teologia da Prosperidade" neopentecostal -, o tal cristianismo strictu sensu, o chamado cristianismo primitivo, conseguiu ser exatamente o que Karl Marx apregoaria como sonho para uma humanidade realmente humana, pois comunista: todos teriam tudo em comum e não haveria quem escravizasse os outros, numa hierarquização opressora, pois todos lutariam pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo.
Embora países ocidentais hegemônicos tenham fomentado uma luta entre o bem e o mal, taxando o comunismo de mal, já que eles, os hegemônicos capitalistas, seriam "do bem", a lógica do individualismo e da luta de todos contra todos no sistema de acumulação e de propriedade privada dos meios de produção só fez gerar algo que nunca esteve tão distante da cosmovisão do Cristo. Portanto, se a tal apelação para a esfera espiritual pudesse ser acessada para a justificativa de algo que é totalmente terreno, o capitalismo estaria muito mais distante do ideal cristão do que o comunismo, pois este último seria na verdade a própria expressão da ética do Cristo: para cada um conforme a sua necessidade e de cada um conforme a sua capacidade. Os que podem mais, contribuem mais e o que necessitam mais, recebem mais. Nada mais cristão.
O que vemos, pois, é que, embora possa parecer contraditória e totalmente descabida, a máxima que dá título a este escrito consegue se fazer justificar. Afinal, se o verdadeiro cristianismo é uma religião ao redor de uma mesa, onde todos podem ter o mesmo pedaço de pão, se tornando cumpanis - do latim, "com quem você come o pão" -, quem melhor do que os comunistas para nos ensinar o abrasileiramento da palavra companheiro?
liberdade, beleza e Graça...
Quem sou eu

- Cleinton
- Graduado em Artes Cênicas, Teologia e Ciências Sociais. Mestre em Sociologia e Direito pela UFF, Doutor em Sociologia pela UERJ e Pós-doutor em Sociologia Política pela UENF. Pesquisador de Relações Raciais, Sociologia da Religião e Teoria Sociológica. Professor do Instituto Federal de São Paulo.
sábado, 20 de novembro de 2010
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
"A Reforma Protestante e o imenso equívoco evangélico"
Está chegando aquele que deveria ser o dia mais importante para o segmento religioso evangélico, embora não seja nem lembrado como um dia de festa. Dia 31 de outubro é comemorado o dia em que o monge Martinho Lutero pregou as suas 95 teses na porta da Catedral de Wittenberg, na Alemanha, protestando contra os desmandos da Igreja Católica do século XVI.
Embora seja um dia em que se deveria festejar com toda sorte de comemorações, o dia que fecha o mês de outubro, mesmo entre os ditos protestantes, só consegue ser um dia de importação de cultura estadunidense, para que o chamado "dia das bruxas" traga suas brincadeiras, escondendo a potência do evento que mexeu radicalmente com as estruturas sociais do Ocidente, contribuindo também para instaurar a chamada Modernidade.
A pergunta que fica, porém, é: Por que a Reforma não tem nem de longe o efeito que deveria ter no segmento evangélico brasileiro? Simples; porque o povo evangélico brasileiro não é protestante. Ao contrário do que se pensa, os evangélicos são mais católicos do que em última instância pensam ser. Para provar tal tese, além de mostrar que o dia 31 de outubro não será dia de festa - a não ser por razões eleitorais, visto que teremos eleições presidenciais - intento descrever em poucas linhas as diferenças e semelhanças entre ser protestante e pensar ser protestante.
O tripé da Reforma, como é sabido, é a junção do sola fide com o sola gratia e o sola scriptura. Isto é, salvação somente pela fé, somente por graça e somente através das Escrituras Sagradas. E, para radicalizar ainda mais a situação, Lutero, bebendo na sabedoria aristotélica, apregoa o chamado "sacerdócio universal de todo crente". Isso sim foi considerado protestar no século XVI, pois a universalização do sacerdócio traria, sem titubeios, a queda da hierarquia da cúria romana.
O problema é: será que os cristãos entendem a dimensão de tais propostas luteranas? Penso que não e até entendo, pois o próprio Lutero tentou voltar atrás, uma vez que percebeu que ser protestante era algo para muito além do que ele mesmo sonhara em princípio. Mas a coisa já estava feita e não tinha mais como o monge revoltado voltar atrás, exceto construindo um protestantismo com fortes bases católicas, como foi mesmo o que veio a acontecer, descontentando outros reformadores, como Calvino, Melanchton e Zwinglio.
Analisando com cuidado as implicações das máximas que permearam o nascimento do protestantismo, percebemos que o catolicismo medieval ainda é forte nas nossas relações de evangélicos. Embora seja uma tese para gerar debates até acalorados, ninguém pode negar que somos mais dependentes da hierarquia sacerdotal do que nunca. Afinal, até na hora de exercermos nossa cidadania delegamos nossas decisões democráticas aos líderes - muitas vezes mal intencionados - de nossas comunidades de fé.
A postura do pastor Silas Malafaia, tentando colocar "cabresto" no voto de milhares de evangélicos assembleianos - e conseguindo inicialmente até algum sucesso - é uma prova cabal disso. A postura de milhares - quiçá milhões - de evangélicos que sacralizam a voz do pastor como se fosse a própria voz de Deus, mesmo quando o pastor fala uma série de besteiras refutadas pela Teologia, pela Exegese, pela História e pela Arqueologia, é outra prova dessa permanência nas "trevas" do catolicismo retrógrado medieval.
Mas ser protestante é outra coisa; é saber que é a fé em Deus - e não a fé nas correntes intermináveis das igrejas evangélicas - que tem o poder de derramar a graça que redime. É saber que é a graça deste mesmo Deus, entregando Jesus para todos - e não as falsas promessas pastorais, que só são compreendidas numa confissão positiva adoecida - que realmente salva o ser humano. É saber que é Bíblia - e não a leitura interesseira que muitos líderes fazem dela - que realmente alimenta e edifica os indivíduos, assemelhando-os ao Cristo que a todos recebe sem distinção. É saber que sou eu - e não um pastor aproveitador qualquer - que tenho o poder de ser sacerdote de mim mesmo diante de Deus. Isso é que é, stricto sensu, o protestantismo.
Era isso que Martinho Lutero queria em princípio e que devemos querer agora. Afinal, a Bíblia é protesto e profecia, enquanto denúncia social, pura. Sem entendermos isso, não nos restará nada além de, no domingo próximo, comemorarmos mais uma eleição, convidando o vizinho evangélico para uma festa de halloween.
liberdade, beleza e Graça...
sábado, 25 de setembro de 2010
"A infelicidade do voto de cabresto evangélico"
Eu era ainda um pré-adolescente quando pela primeira vez na vida ouvi falar de política no púlpito de uma igreja evangélica. A mim, que ainda não votava, isso nem deveria ter atingido tanto, mas confesso que o estado de medo pregado por aquele pastor me fez pensar que tudo aquilo era verdade.
Pelas palavras do missionário estadunidense que pastoreava nossa comunidade, se o candidato socialista ganhasse a eleição, vencendo Fernando Collor, nossas igrejas seriam fechadas, os cristãos seriam perseguidos e não haveria mais a liberdade de adorarmos ao nosso Senhor neste país. Aquilo me meteu medo e me fez odiar o tal homem barbudo que tinha um apelido demasiado curioso: Lula.
Mas aconteceu de o sujeito de barba ganhar eleições, depois de perder três vezes, sendo que as igrejas não foram fechadas, os cristãos não sofreram perseguição do Estado e ninguém impediu nossos cultos.
Com o tempo cresci, aprendi muitas coisas, me tornei cientista político e votei várias vezes, vendo aquele discurso, que não poderia ser chamado de outra coisa a não ser "terrorismo eleitoral religioso", desaparecer por uns anos. Pelo menos até a fala da "namoradinha do Brasil", a atriz Regina Duarte, que apareceu numa propaganda eleitoral se dizendo "com medo da eleição do Lula". Mas era parte de uma classe artística de direita e não algo de cunho religioso. Não me atingiu tanto, pois.
A religião viria a se mostrar bastante forte tempos depois, com uma eleição para o Senado Federal. Numa que já parecia peleja ganha, a candidata Jandira Feghali, do PC do B, perdeu uma eleição na véspera - tinha a vitória garantida por pesquisas até dois dias antes do pleito - para Francisco Dornelles, do PP, que utilizou-se de um fato social importantíssimo - a religião - para fazer o mesmo terrorismo que meu pastor fizera anos antes. Se Jandira fosse eleita, dizia um comunicado que Dornelles pagou para ser distribuído pelas igrejas do interior do Estado do Rio de Janeiro, o aborto seria liberado, teríamos uma "pouca vergonha com casamentos gays" e a liberdade de fé seria cerceada. Aquela eleição, já tida como ganha, se tornou uma derrota histórica para a candidata do PC do B. Sim, a religião se provava detentora de uma força descomunal.
As eleições que se aproximam também têm conseguido se valer do fator religião. Um pastor evangélico, se dizendo "defensor da moral e dos bons valores cristãos", decidiu espalhar um vídeo onde diz que o voto no PT será um voto pela liberação do aborto, pela união civil de homossexuais e pela provocação da ira de Deus, que visitaria nosso país com grande furor divino, pois ficaria irritado com a iniquidade do povo. O vídeo fez e faz sucesso e não são poucos os apoiadores de tal mensagem, pessoas que fazem de tudo para que aquele comunicado chegue "a todos os evangélicos e pessoas de bem do país". Mas a empreitada parece repetir as mentiras do passado.
É importantíssimo dizer que a questão versa sobre o Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH3), que, para muito além de assuntos como as discussões acerca do aborto e união civil de homossexuais, é uma empreitada pela instauração de direitos humanos de toda natureza.
Importante também lembrar que a luta dos homossexuais pela união civil de pessoas do mesmo sexo não é algo partidário, mas uma busca de um movimento social como qualquer outro. Incomoda alguns mais conservadores e isso já era de se esperar, todavia, essa luta, pelo que vemos e entendemos de movimentos sociais, não deixará de existir se um ou outro partido tomar o poder. Se qualquer um de nós perguntar aos homossexuais se eles deixariam de lutar por esse objetivo a depender do partido que venha a vencer as eleições, a resposta será um categórico NÃO. Portanto, falar que um partido no governo seria algo a fomentar isso, não é verdade, pois o pleito de homossexuais estará em pauta de luta ganhe o partido que ganhar.
Do mesmo modo, a luta das mulheres, sobretudo as do movimento feminista, pelo direito ao aborto não será deixada de lado por causa deste ou daquele partido vencedor da eleição.
Outra questão curiosa é o fato de que a ira de Deus - que foi "profetizada" para o caso de o país se deixar levar por uma eleição num partido como o PT - não se acendeu sobre a nação por conta de um grupo de pastores, participantes do mensalão do DEM, em Brasília, que, após ganharem propina por seus serviços ao governador Arruda, oraram para agradecer a Deus pelo crime! Interessantíssimo lembrar que nenhum dos pastores que agora fazem "terrorismo eleitoral religioso" lembrou de falar de "iniquidade" ou "ira divina" naquela ocasião. Seria porque eram pastores roubando e isso poderia ser por Deus desculpado? Claro que não. As razões parecem ser outras e bem mais profundas.
A verdade nua e crua é que os pastores que propagam esse alarde nada mais fazem do que impedir um processo democrático, obrigando suas ovelhas a votarem num candidato, e fazendo valer o que a história do país apresenta como "voto de cabresto". Votos que saem de verdadeiros "currais eleitorais" em que acabaram, infelizmente, por se tornar as nossas igrejas ditas protestantes.
Não, nossas igrejas em sua maioria não são protestantes; são evangélicas e só. Mas ser evangélico hoje em dia não significa muita coisa. Qualquer elemento mal intencionado vende discos aos borbotões - e com músicas de péssima qualidade, diga-se - com o rótulo bastante vendável de "evangélico". Por conta disso, envergonhado de me dizer evangélico, passei a optar pela nomenclatura protestante.
Infelizmente, nossas igrejas estão abarrotadas de gente facilmente manipulável. Todas ávidas por votar sem qualquer liberdade, desde que seja no "candidato do pastor". Infelizmente, também, nossa liberdade protestante foi cerceada por evangélicos que retornaram às práticas medievais, nada mais fazendo do que adoecer o povo com alienações de toda natureza. Mas protestantismo não é isso, sabemos. Ou, pelo menos, deveríamos saber e ensinar.
Ser protestante e bom pastor de fato, profetizando a verdade e a justiça divinas, é ensinar ao povo sobre as razões que fizeram o Eike Batista nascer bilionário (pesquisem a história do pai dele, Eliezer Batista, presidente da Vale do Rio Doce quando esta ainda era uma empresa estatal), é fazer o povo entender a razão de o banqueiro Daniel Dantas não ser preso jamais, é contar a história de escravismo nas fazendas de Francisco Mendes, irmão do ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, ensinando ao povo sobre as razões que levam o mesmo Mendes a votar contra a Lei da Ficha Limpa. Fora disso, não há justiça; não há profecia. Há alienação e mentira travestidas de verdade revelada, mas que se mostram falácias as mais grosseiras.
Oxalá Deus nos escute a oração, dando ao nosso povo pastores segundo o Seu coração e fazendo com que nossa gente queira ser vocacionada àquilo para o que Ele mesmo nos chamou; a verdadeira liberdade.
liberdade, beleza e Graça...
Pelas palavras do missionário estadunidense que pastoreava nossa comunidade, se o candidato socialista ganhasse a eleição, vencendo Fernando Collor, nossas igrejas seriam fechadas, os cristãos seriam perseguidos e não haveria mais a liberdade de adorarmos ao nosso Senhor neste país. Aquilo me meteu medo e me fez odiar o tal homem barbudo que tinha um apelido demasiado curioso: Lula.
Mas aconteceu de o sujeito de barba ganhar eleições, depois de perder três vezes, sendo que as igrejas não foram fechadas, os cristãos não sofreram perseguição do Estado e ninguém impediu nossos cultos.
Com o tempo cresci, aprendi muitas coisas, me tornei cientista político e votei várias vezes, vendo aquele discurso, que não poderia ser chamado de outra coisa a não ser "terrorismo eleitoral religioso", desaparecer por uns anos. Pelo menos até a fala da "namoradinha do Brasil", a atriz Regina Duarte, que apareceu numa propaganda eleitoral se dizendo "com medo da eleição do Lula". Mas era parte de uma classe artística de direita e não algo de cunho religioso. Não me atingiu tanto, pois.
A religião viria a se mostrar bastante forte tempos depois, com uma eleição para o Senado Federal. Numa que já parecia peleja ganha, a candidata Jandira Feghali, do PC do B, perdeu uma eleição na véspera - tinha a vitória garantida por pesquisas até dois dias antes do pleito - para Francisco Dornelles, do PP, que utilizou-se de um fato social importantíssimo - a religião - para fazer o mesmo terrorismo que meu pastor fizera anos antes. Se Jandira fosse eleita, dizia um comunicado que Dornelles pagou para ser distribuído pelas igrejas do interior do Estado do Rio de Janeiro, o aborto seria liberado, teríamos uma "pouca vergonha com casamentos gays" e a liberdade de fé seria cerceada. Aquela eleição, já tida como ganha, se tornou uma derrota histórica para a candidata do PC do B. Sim, a religião se provava detentora de uma força descomunal.
As eleições que se aproximam também têm conseguido se valer do fator religião. Um pastor evangélico, se dizendo "defensor da moral e dos bons valores cristãos", decidiu espalhar um vídeo onde diz que o voto no PT será um voto pela liberação do aborto, pela união civil de homossexuais e pela provocação da ira de Deus, que visitaria nosso país com grande furor divino, pois ficaria irritado com a iniquidade do povo. O vídeo fez e faz sucesso e não são poucos os apoiadores de tal mensagem, pessoas que fazem de tudo para que aquele comunicado chegue "a todos os evangélicos e pessoas de bem do país". Mas a empreitada parece repetir as mentiras do passado.
É importantíssimo dizer que a questão versa sobre o Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH3), que, para muito além de assuntos como as discussões acerca do aborto e união civil de homossexuais, é uma empreitada pela instauração de direitos humanos de toda natureza.
Importante também lembrar que a luta dos homossexuais pela união civil de pessoas do mesmo sexo não é algo partidário, mas uma busca de um movimento social como qualquer outro. Incomoda alguns mais conservadores e isso já era de se esperar, todavia, essa luta, pelo que vemos e entendemos de movimentos sociais, não deixará de existir se um ou outro partido tomar o poder. Se qualquer um de nós perguntar aos homossexuais se eles deixariam de lutar por esse objetivo a depender do partido que venha a vencer as eleições, a resposta será um categórico NÃO. Portanto, falar que um partido no governo seria algo a fomentar isso, não é verdade, pois o pleito de homossexuais estará em pauta de luta ganhe o partido que ganhar.
Do mesmo modo, a luta das mulheres, sobretudo as do movimento feminista, pelo direito ao aborto não será deixada de lado por causa deste ou daquele partido vencedor da eleição.
Outra questão curiosa é o fato de que a ira de Deus - que foi "profetizada" para o caso de o país se deixar levar por uma eleição num partido como o PT - não se acendeu sobre a nação por conta de um grupo de pastores, participantes do mensalão do DEM, em Brasília, que, após ganharem propina por seus serviços ao governador Arruda, oraram para agradecer a Deus pelo crime! Interessantíssimo lembrar que nenhum dos pastores que agora fazem "terrorismo eleitoral religioso" lembrou de falar de "iniquidade" ou "ira divina" naquela ocasião. Seria porque eram pastores roubando e isso poderia ser por Deus desculpado? Claro que não. As razões parecem ser outras e bem mais profundas.
A verdade nua e crua é que os pastores que propagam esse alarde nada mais fazem do que impedir um processo democrático, obrigando suas ovelhas a votarem num candidato, e fazendo valer o que a história do país apresenta como "voto de cabresto". Votos que saem de verdadeiros "currais eleitorais" em que acabaram, infelizmente, por se tornar as nossas igrejas ditas protestantes.
Não, nossas igrejas em sua maioria não são protestantes; são evangélicas e só. Mas ser evangélico hoje em dia não significa muita coisa. Qualquer elemento mal intencionado vende discos aos borbotões - e com músicas de péssima qualidade, diga-se - com o rótulo bastante vendável de "evangélico". Por conta disso, envergonhado de me dizer evangélico, passei a optar pela nomenclatura protestante.
Infelizmente, nossas igrejas estão abarrotadas de gente facilmente manipulável. Todas ávidas por votar sem qualquer liberdade, desde que seja no "candidato do pastor". Infelizmente, também, nossa liberdade protestante foi cerceada por evangélicos que retornaram às práticas medievais, nada mais fazendo do que adoecer o povo com alienações de toda natureza. Mas protestantismo não é isso, sabemos. Ou, pelo menos, deveríamos saber e ensinar.
Ser protestante e bom pastor de fato, profetizando a verdade e a justiça divinas, é ensinar ao povo sobre as razões que fizeram o Eike Batista nascer bilionário (pesquisem a história do pai dele, Eliezer Batista, presidente da Vale do Rio Doce quando esta ainda era uma empresa estatal), é fazer o povo entender a razão de o banqueiro Daniel Dantas não ser preso jamais, é contar a história de escravismo nas fazendas de Francisco Mendes, irmão do ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, ensinando ao povo sobre as razões que levam o mesmo Mendes a votar contra a Lei da Ficha Limpa. Fora disso, não há justiça; não há profecia. Há alienação e mentira travestidas de verdade revelada, mas que se mostram falácias as mais grosseiras.
Oxalá Deus nos escute a oração, dando ao nosso povo pastores segundo o Seu coração e fazendo com que nossa gente queira ser vocacionada àquilo para o que Ele mesmo nos chamou; a verdadeira liberdade.
liberdade, beleza e Graça...
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
"A amizade e a humanidade que vêm antes do milagre"
O Evangelho de João é de fato de uma beleza incomum. Nele encontramos situações que nos movem a uma postura cada vez mais humanista e cada vez mais chegada ao que Deus espera realmente dos homens e mulheres nesta vida. Um dos textos mais conhecidos deste Evangelho é o da morte e ressurreição de Lázaro, um amigo de Jesus.
No texto que vem antes do milagre, porém, começando pelo versículo 22 do capítulo 10, Jesus está passeando pelo templo, quando é interpelado por líderes religiosos que o queriam pegar noutra de suas tradicionais "armadilhas". Jesus afirma categoricamente que de fato é o Cristo, o filho de Deus, e que faz tudo o que Deus faz, pois foi enviado para isso mesmo. Os religiosos judeus - que Jesus diz que não são suas ovelhas, pois não aceitam a sua palavra - encontram então razão para fazerem o que adoravam fazer e, pegando em pedras, obrigam Jesus a fugir da localidade, para que a morte não o encontrasse, através de pedras, antes do tempo da inadiável e fatal crucificação.
Depois disso, já um tanto distante da Judéia, o mestre de Nazaré fica sabendo que seu grande amigo Lázaro, que estivera doente, morrera e, movido por uma divina humanidade, decide que deve voltar e fazer algo pela família. Todavia, o mestre é repreendido pelos seus discípulos, uma vez que ainda havia bem pouco tempo que ele tinha fugido da morte na mesma Judéia. Apesar de esta narrativa não nos dar informações de natureza emocional tão claramente, é possível inferir que a postura de Jesus é a de um amigo fiel que, sabendo que queridos seus estão precisando de ajuda - pois mesmo estando Lázaro já morto, havia ainda algo a se fazer por aquela família enlutada e por todos os que o veriam em ação surpreendente -, decide que sua vida pode sim ser colocada em grande risco, pois nada supera o amor que uma verdadeira amizade oferece. E é tão verdadeira essa compaixão de Jesus, que Tomé, ao perceber o amor e o brilho no olhar do mestre, diz aos outros discípulos: "Vamos nós também, para morrermos com ele!" (João 11:16). Poucos falam do Tomé deste episódio, mas precisamos nos lembrar da tão rica postura de um grande discípulo, pois nenhum outro pensou do mesmo modo que aquele que, também humanamente, duvidaria tempos depois.
Em tempos em que a amizade verdadeira está cada vez mais escassa e quando o "um milhão de amigos" não passa de um número fictício em páginas de relacionamentos literalmente virtuais, é bom acessarmos um texto onde duas pessoas - Jesus e Tomé - se dispõem a colocar a própria vida em risco por causa de um amigo real.
O grande chamariz da narrativa em questão é a ressurreição do homem que já estava sepultado havia quatro dias. No entanto, o foco poderia ser outro, pois, ao invés de apenas um, que até já estava morto, poderia ter sido uma chacina de pelo menos mais 13! Tudo por causa de algo que parece, infelizmente, estar já démodé; a verdadeira amizade.
liberdade, beleza e Graça...
No texto que vem antes do milagre, porém, começando pelo versículo 22 do capítulo 10, Jesus está passeando pelo templo, quando é interpelado por líderes religiosos que o queriam pegar noutra de suas tradicionais "armadilhas". Jesus afirma categoricamente que de fato é o Cristo, o filho de Deus, e que faz tudo o que Deus faz, pois foi enviado para isso mesmo. Os religiosos judeus - que Jesus diz que não são suas ovelhas, pois não aceitam a sua palavra - encontram então razão para fazerem o que adoravam fazer e, pegando em pedras, obrigam Jesus a fugir da localidade, para que a morte não o encontrasse, através de pedras, antes do tempo da inadiável e fatal crucificação.
Depois disso, já um tanto distante da Judéia, o mestre de Nazaré fica sabendo que seu grande amigo Lázaro, que estivera doente, morrera e, movido por uma divina humanidade, decide que deve voltar e fazer algo pela família. Todavia, o mestre é repreendido pelos seus discípulos, uma vez que ainda havia bem pouco tempo que ele tinha fugido da morte na mesma Judéia. Apesar de esta narrativa não nos dar informações de natureza emocional tão claramente, é possível inferir que a postura de Jesus é a de um amigo fiel que, sabendo que queridos seus estão precisando de ajuda - pois mesmo estando Lázaro já morto, havia ainda algo a se fazer por aquela família enlutada e por todos os que o veriam em ação surpreendente -, decide que sua vida pode sim ser colocada em grande risco, pois nada supera o amor que uma verdadeira amizade oferece. E é tão verdadeira essa compaixão de Jesus, que Tomé, ao perceber o amor e o brilho no olhar do mestre, diz aos outros discípulos: "Vamos nós também, para morrermos com ele!" (João 11:16). Poucos falam do Tomé deste episódio, mas precisamos nos lembrar da tão rica postura de um grande discípulo, pois nenhum outro pensou do mesmo modo que aquele que, também humanamente, duvidaria tempos depois.
Em tempos em que a amizade verdadeira está cada vez mais escassa e quando o "um milhão de amigos" não passa de um número fictício em páginas de relacionamentos literalmente virtuais, é bom acessarmos um texto onde duas pessoas - Jesus e Tomé - se dispõem a colocar a própria vida em risco por causa de um amigo real.
O grande chamariz da narrativa em questão é a ressurreição do homem que já estava sepultado havia quatro dias. No entanto, o foco poderia ser outro, pois, ao invés de apenas um, que até já estava morto, poderia ter sido uma chacina de pelo menos mais 13! Tudo por causa de algo que parece, infelizmente, estar já démodé; a verdadeira amizade.
liberdade, beleza e Graça...
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
"Instalações poéticas"
"As estações e os cafezais"
E era como um lapso de memória
Que em trazendo potência, alma, história
Irradiava um breu de luz
E dos tomados velhos vícios, desesperanças, desperdícios
Caos, silêncios de interstícios, já obrigava à cura o pus
E em pressa, luta, correria
Ao transmutar descrença pia, desrespeitando a agonia
Nada mais quis do que inventar
Só fez da Mata, alma bela
Correr por mares, vilas, vielas
Sendo usurpadas já em Vilelas
Por transformar o mar em A-mar
E num pulsar mais que ingente
Ao desnudar o incorrente
Para animar alma nascente em plantações primaveris
Mudou em vida a morte crua
Inspirou gritos, choro em rua
E apaixonando uma alma nua
Pra eternidade pôs raiz
liberdade, beleza e Graça...
E era como um lapso de memória
Que em trazendo potência, alma, história
Irradiava um breu de luz
E dos tomados velhos vícios, desesperanças, desperdícios
Caos, silêncios de interstícios, já obrigava à cura o pus
E em pressa, luta, correria
Ao transmutar descrença pia, desrespeitando a agonia
Nada mais quis do que inventar
Só fez da Mata, alma bela
Correr por mares, vilas, vielas
Sendo usurpadas já em Vilelas
Por transformar o mar em A-mar
E num pulsar mais que ingente
Ao desnudar o incorrente
Para animar alma nascente em plantações primaveris
Mudou em vida a morte crua
Inspirou gritos, choro em rua
E apaixonando uma alma nua
Pra eternidade pôs raiz
liberdade, beleza e Graça...
terça-feira, 20 de julho de 2010
"Edir Macedo e a musicalidade teopoética de Vander Lee"
Estava lotado o Maracanã. Nem na apresentação de Frank Sinatra o público tinha sido tão grande, disseram muitos, e parece que com razão. Mas a Rede Globo ignorou completamente o evento, não citou qualquer número e nenhuma nota foi dada, pois havia uma briga - e ainda há - com a Rede Record.
Edir Macedo dirigia uma "reunião de milagres" e convocava todos os que usavam qualquer tipo de auxílio para viver - óculos, muletas, cadeiras de rodas, aparelhos de audição etc. - a abandonarem aqueles objetos todos e a receberem a cura.
A sagacidade de uma repórter fez com que perguntasse àquele líder espiritual a razão de ele incentivar as pessoas a jogarem fora os seus óculos, se ele mesmo continuava com os dele. Edir Macedo não titubeou e respondeu: "É que eu não tenho a fé deles".
Lembrei-me deste episódio ouvindo Sonhos e pernas, do cantor e compositor mineiro Vander Lee. Tal como Aonde Deus possa me ouvir e Alma nua, essa canção me traz algo de teológico. Algo de teopoético, eu diria.
Pensando na temática do discipulado, defendo que o testemunho de vida deve fugir à tese de Macedo, pois não é bom apenas falar do que se deve crer, mas é imprescindível que se viva a fé professada. Bom mesmo é ter o peito para dizer: "Quer aprender de Jesus, olhe para a minha vida". Parece bastante radical, mas se mostra muito mais correto e mais bíblico, uma vez que o grande apóstolo S. Paulo convidou aos que o seguiam, sem qualquer crise: "Sede imitadores meus, assim como eu o sou de Cristo".
Penso que, ao contrário do que queria Edir Macedo, é hora de fazer mais do que falar o que os outros devem fazer e, seguindo a teopoética de Vander Lee, ratificar Sonhos e pernas: "Olhe, não venha me mostrar o que você não vê; não venha me provar o que você não crê. Não tente se enganar". Vemos por esta frase que, ao contrário do que muitos pensam, não é aos outros que se consegue enganar em termos de fé, quando se faz o que fizeram e fazem muitos dos nossos líderes espirituais. Parece-me que é o grande Macedo que engana-se a si mesmo quando faz o que faz. Manda olharem, mas ele mesmo não vê. Tenta explicar, mas ele mesmo não crê. Afinal, foi ele mesmo que disse "não tenho a fé deles".
Apesar da lógica neopentecostal do Edir, baseada no "você pode tudo", ainda fico com a oração do nosso músico mineiro: "Ó, meu Pai, dá-me o direito de dizer coisas sem sentido; de não ter que ser perfeito, pretérito, sujeito, artigo definido".
Que possamos nós, os que devemos ser curadores d´almas, nos deixar envolver pela teopoética, como a apresentada por Vander Lee, deixando também que as pessoas não se obriguem à cura e ao impossível, mas que possam viver o milagre de ser gente, com todas as implicações - para o bem e para o mal - que isso sempre traz.
liberdade, beleza e Graça...
Edir Macedo dirigia uma "reunião de milagres" e convocava todos os que usavam qualquer tipo de auxílio para viver - óculos, muletas, cadeiras de rodas, aparelhos de audição etc. - a abandonarem aqueles objetos todos e a receberem a cura.
A sagacidade de uma repórter fez com que perguntasse àquele líder espiritual a razão de ele incentivar as pessoas a jogarem fora os seus óculos, se ele mesmo continuava com os dele. Edir Macedo não titubeou e respondeu: "É que eu não tenho a fé deles".
Lembrei-me deste episódio ouvindo Sonhos e pernas, do cantor e compositor mineiro Vander Lee. Tal como Aonde Deus possa me ouvir e Alma nua, essa canção me traz algo de teológico. Algo de teopoético, eu diria.
Pensando na temática do discipulado, defendo que o testemunho de vida deve fugir à tese de Macedo, pois não é bom apenas falar do que se deve crer, mas é imprescindível que se viva a fé professada. Bom mesmo é ter o peito para dizer: "Quer aprender de Jesus, olhe para a minha vida". Parece bastante radical, mas se mostra muito mais correto e mais bíblico, uma vez que o grande apóstolo S. Paulo convidou aos que o seguiam, sem qualquer crise: "Sede imitadores meus, assim como eu o sou de Cristo".
Penso que, ao contrário do que queria Edir Macedo, é hora de fazer mais do que falar o que os outros devem fazer e, seguindo a teopoética de Vander Lee, ratificar Sonhos e pernas: "Olhe, não venha me mostrar o que você não vê; não venha me provar o que você não crê. Não tente se enganar". Vemos por esta frase que, ao contrário do que muitos pensam, não é aos outros que se consegue enganar em termos de fé, quando se faz o que fizeram e fazem muitos dos nossos líderes espirituais. Parece-me que é o grande Macedo que engana-se a si mesmo quando faz o que faz. Manda olharem, mas ele mesmo não vê. Tenta explicar, mas ele mesmo não crê. Afinal, foi ele mesmo que disse "não tenho a fé deles".
Apesar da lógica neopentecostal do Edir, baseada no "você pode tudo", ainda fico com a oração do nosso músico mineiro: "Ó, meu Pai, dá-me o direito de dizer coisas sem sentido; de não ter que ser perfeito, pretérito, sujeito, artigo definido".
Que possamos nós, os que devemos ser curadores d´almas, nos deixar envolver pela teopoética, como a apresentada por Vander Lee, deixando também que as pessoas não se obriguem à cura e ao impossível, mas que possam viver o milagre de ser gente, com todas as implicações - para o bem e para o mal - que isso sempre traz.
liberdade, beleza e Graça...
sexta-feira, 25 de junho de 2010
"Três anos de blog: enfim, acho que já tenho leitura!"
Eu era ainda um graduando em Ciências Sociais quando ouvi de um grande professor meu, doutor em Literatura por uma importante universidade, que ele aprendera a ler apenas no mestrado e a escrever somente no doutorado. Confesso que achei um tremendo exagero, pois na minha cabeça eu já sabia ler e escrever até mesmo antes daquela graduação.
Afinal, quando criança eu já tinha ajudado um senhor a pegar o ônibus certo, pois ele dissera que "sempre pegava o ônibus errado porque não tinha leitura"; era analfabeto.
O tempo passou e eu, que no final da formação em Ciências Sociais comecei com esse negócio de blog, cheguei a três anos ininterruptos de postagens. Foram três anos onde me obriguei a escrever pelo menos um texto por mês. Consegui nestes escritos passar pelas três formações que Deus me deu a oportunidade de ter - e que dão nome ao blog -, discutindo temas que a elas são bastante caros. Tentei escrever da melhor maneira possível sobre as áreas das Artes Cênicas, da Teologia e das Ciências Sociais. Todavia, preciso reconhecer; o grande Luíz Carlos tinha mesmo toda razão.
Preparando aulas para meus alunos que agora se graduam, enquanto eu rumo para o doutorado, percebi que, enfim, aprendi a ler. Textos que outrora me eram extremamente áridos são agora bastante acessíveis. Tudo ficou mesmo muito mais fácil. Depois do mestrado, eu, tal como o amigo Luíz Carlos, aprendi a ler e me sinto já alfabetizado!
Do mesmo modo, se achava que já sabia escrever quando da graduação, percebi pelos escritos deste espaço que só agora estou aprendendo a fazê-lo de fato. Foi só olhar para os vários textos postados e perceber que uma agradável evolução aconteceu, fazendo-me dar um passo a mais no feliz casamento com a Última flor do Lácio.
Muitos me diziam e ainda dizem que para aprender a escrever é preciso ler muito, mas não é verdade, embora ajude. Para se aprender a escrever é preciso escrever. Só se aprende a escrever escrevendo.
Tenho certeza de que em alguns anos poderei reler tudo isso e afirmar com a alegria do moço que agora sou; "Enfim, acho que aprendi a escrever!". Que o Senhor seja louvado lá, quando eu bem souber escrever, como é cá, quando já tenho leitura!
liberdade, beleza e Graça...
Afinal, quando criança eu já tinha ajudado um senhor a pegar o ônibus certo, pois ele dissera que "sempre pegava o ônibus errado porque não tinha leitura"; era analfabeto.
O tempo passou e eu, que no final da formação em Ciências Sociais comecei com esse negócio de blog, cheguei a três anos ininterruptos de postagens. Foram três anos onde me obriguei a escrever pelo menos um texto por mês. Consegui nestes escritos passar pelas três formações que Deus me deu a oportunidade de ter - e que dão nome ao blog -, discutindo temas que a elas são bastante caros. Tentei escrever da melhor maneira possível sobre as áreas das Artes Cênicas, da Teologia e das Ciências Sociais. Todavia, preciso reconhecer; o grande Luíz Carlos tinha mesmo toda razão.
Preparando aulas para meus alunos que agora se graduam, enquanto eu rumo para o doutorado, percebi que, enfim, aprendi a ler. Textos que outrora me eram extremamente áridos são agora bastante acessíveis. Tudo ficou mesmo muito mais fácil. Depois do mestrado, eu, tal como o amigo Luíz Carlos, aprendi a ler e me sinto já alfabetizado!
Do mesmo modo, se achava que já sabia escrever quando da graduação, percebi pelos escritos deste espaço que só agora estou aprendendo a fazê-lo de fato. Foi só olhar para os vários textos postados e perceber que uma agradável evolução aconteceu, fazendo-me dar um passo a mais no feliz casamento com a Última flor do Lácio.
Muitos me diziam e ainda dizem que para aprender a escrever é preciso ler muito, mas não é verdade, embora ajude. Para se aprender a escrever é preciso escrever. Só se aprende a escrever escrevendo.
Tenho certeza de que em alguns anos poderei reler tudo isso e afirmar com a alegria do moço que agora sou; "Enfim, acho que aprendi a escrever!". Que o Senhor seja louvado lá, quando eu bem souber escrever, como é cá, quando já tenho leitura!
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